segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Guia Prático para Mamães Desesperadas - Acolhendo Mães e Bebês

Ninguém aprende a ser mãe até que seja, realmente é um fato. O problema vem quando a gente desaprende a ser mãe. Vou explicar. Ser mãe deveria ser natural, instintivo e simplesmente "ser". Mas fica complicado quando estamos inseridos numa cultura mercantilista, comodista e imediatista, e que nos impõe regras e modelos de como devemos criar nossos filhos e que tipo de comportamentos são considerados "adequados" ou não, baseados simplesmente num modelo de sociedade "moderna". 
Deixamos de ter o contato, ajuda e acolhimento que tínhamos em sociedades tribais e comunidades mais antigas, em que o que funcionava era natural e instintivo, passado de geração em geração. 
Mulheres tinham redes de apoio na própria família e vizinhança e dessa forma era muito mais natural o processo do parto, da amamentação e da criação dos filhos.
Hoje em dia existe muita informação de qualidade e está havendo um resgate de práticas comprovadamente mais benéficas, mas ainda assim a falta de apoio é muito grande e principalmente a falta de profissionais realmente comprometidos ou até mesmo preparados para lidar com o ser humano como deveria - sem essa visão comodista, imediatista e com certeza, mercantilista.
Uma vez que muitas de nossas mães não tiveram o apoio que precisavam nem as melhores orientações - ou seja, práticas realmente respaldadas pela ciência -  (vamos lembrar que a cultura da cesárea vem de aproximadamente 40 anos atrás, assim como a inserção cada vez maior de fórmulas artificiais na indústria), o que mais ouvimos depois que chega o bebê são dicas e conselhos no mínimo desajustados e equivocados, infelizmente até mesmo das pessoas mais próximas.
É muito difícil sim a adaptação, é verdade. Mas pode se tornar bem menos sofrida se não existirem expectativas absurdas que só vão gerar estresse e frustração, tanto para os pais quanto para os bebês.
Fica bem mais fácil aceitar o que é natural, fisiológico e instintivo e acolher o bebê como ele precisa e merece. E falando em acolhimento... sim, em primeiro lugar a mãe / mulher é preciso que seja acolhida também, para que possa maternar dessa forma. 
Reuni aqui neste artigo os melhores links para auxiliar mamães que estão passando por dificuldades no pós parto.
O bebê, que até então esteve por 9 meses dentro de sua barriga, quentinho, acolhido e sem necessidade de se esforçar para ter alimento, de repente está aqui fora, num mundo totalmente novo e desconhecido. A referência e segurança do bebê é a mãe. É perto de seu calor, cheiro, acolhido em seus braços e envolvido nos movimentos do seu corpo que ele se sente seguro. Não existe regras nem horários para o bebê. Tudo o que ele quer e precisa é estar em contato permanente e ter sua necessidade de sucção atendida, seja por fome ou não.
O pós-parto é um momento de adaptação da mãe e do bebê. Tudo o que precisam é estarem juntos o tempo todo, em contato físico e se possível pele a pele. Somos mamíferos e isso faz parte de nossa natureza.
Aqui um texto sobre a "Lua de Leite": Lua de leite: o que, por que e como

Nossa cultura relaciona a amamentação apenas à alimentação do bebê, para matar a fome e saciá-los. A amamentação não é isso. Existe uma necessidade de sucção não-nutritiva e isso é completamente normal. As mães costumam dizer que o bebê está "fazendo o peito de chupeta" e tudo o que ouvimos sobre isso é que não podemos acostumá-los assim. 
Pois eu digo, nós não conseguimos acostumar o bebê a algo que ele simplesmente tem necessidade. É uma necessidade dessa fase e é muito mais fácil aceitarmos isso (e não darmos bola para tantos conselhos furados e medos que nos colocam) e deixarmos o bebê mamar o quanto quiserem e como quiserem. 
Isso é livre demanda. E muitas vezes eles vão querer mamar o dia todo, ou a noite toda.
Sim é cansativo, mas a gente sobrevive. Existem  maneiras que nos ajudam. E além disso, isso passa, muda, melhora, retrocede, melhora de novo. Que tal um dia de cada vez?
Aqui textos sobre a Livre Demanda:

Vão te dizer, além da falta de compreensão em relação a livre demanda e de todo o resto, que então seria bom dar chupeta ao bebê, pois a chupeta acalma, e "liberta" um pouco a mãe (porque é tãooooo incompreensível e a aceitável em nossa cultura que o bebê fique grudado na mãe e satisfaça sua necessidade de sucção no peito), e outra série de coisas, sobre melhor a chupeta do que chupar o dedo mais para a frente, ou mil exemplos de quem usou chupeta e não teve problema algum (Será??? As pessoas tem uma enorme dificuldade em conseguir enxergar ou associar os prejuízos não tão evidentes e que vieram a longo prazo). Segue aqui um grande artigo embasado cientificamente sobre o uso da chupeta: Chupeta: Alerta urgente! O que toda mãe e pai deveria saber antes de oferecer uma

A chupeta, na "melhor" das hipóteses atrapalha a amamentação, assim como o uso de qualquer bico artificial, pois o tipo de sucção é totalmente diferente de como os bebês precisam fazer no seio para mamarem bem. A confusão de bicos existe sim e está quase sempre relacionada a uma mamada não eficiente, dificuldade de ganho de peso e necessidade de complemento. Essa confusão de bicos nem sempre vai aparacer ali no início, pode acontecer com o passar dos meses e o bebê deixar de mamar no seio precocemente.

Quanto ao medo do bebê chupar o dedo, segue aqui:

Ok, existem momentos desesperadores, é verdade. Às vezes o bebê mama muitas e muitas e muitas vezes, infinitamente e chora longe do peito. Vamos tentar entender o lado do bebê, que está ainda se sentindo muito perdido aqui fora. Vamos lembrar que é o colo e o calor da mãe que dá a ele a segurança de que tudo está bem, e nada mais normal do que um bebezinho mamífero querer mamar o tempo todo. Não é só fome, ok? Fora isso, existem períodos chamados picos de crescimento, em que o metabolismo deles fica muito acelerado e crescem muito rápido e também os saltos de desenvolvimento, onde adquirem comportamento ou habilidade novos e sua percepção de mundo se altera novamente, então ele solicita mais o "porto-seguro": mamãe.
É comum nessas fases o bebê ficar mais agitado, mamar mais, acordar mais vezes ou dormir muito pouco tempo (e às vezes só no colo) e chorar longe da mãe.
Entendendo melhor esses períodos:
Falando sobre momentos desesperadores... Calma, segurança e instinto materno ajudam muito. Ter uma rede de apoio é fundamental, senão a gente surta e apela para coisas inimagináveis simplesmente por desespero. É importante saber que "isso" é normal. E que todas as mães passam, apesar de pouco compartilharem sobre isso. É importante compartilhar e ser acolhida. Um grupo de pós parto ajuda muito, assim como mães receptivas que estão passando ou passaram já por isso. Às vezes, definitivamente não dá para acatar o "conselho" da prima, amiga, vizinha, mãe, sogra, cheio de boa intenção mas totalmente fora de embasamento, só porque "todo mundo faz e não mata ninguém".

Vale a pena conhecer a Teoria da Exterogestação que explica a maturação e o desenvolvimento do bebê após o nascimento, o chamado "4o. trimestre", que nada mais é do que a adaptação do bebê ao mundo externo. Aceitar e entender isso e usar métodos que facilitem essa adaptação é o mais sensato além de confortável para o bebê e para nós mesmas, que não nos frustramos por não conseguir impor regras e rotinas ao bebê.
Um acessório que ajuda MUITO é o sling. Na verdade eu não saberia viver sem. Ele tem o poder de nos salvar nas situações mais difíceis e cansativas, como naquelas fases em que os bebês ficam super exaustos e não conseguem dormir, bebês em picos ou saltos que não páram de mamar, ou quando só querem dormir no colo, ou quando choram "sem motivo" ou ficam mais irritados em determinados momentos do dia, ou quando sofrem da chamada "cólica" e nada acalma o choro.
Existem diversos tipos, vale a pena conversar com quem usa ou com uma consultora para ajudá-la a usar. Os bebês ficam muito mais calmos e a gente acaba viciando ;)
O guia definitivo do sling



Falando nas temíveis cólicas... Quando alguma mãe se refere assim ao choro desesperador do bebê eu tenho minhas dúvidas... Associo muito mais um choro desesperador e que acontece no final do dia / à noitinha ao cansaço do bebê do que a algum problema  / dor física. 
Esse texto:  A Cólica - por Carlos González pode ajudar.
Sobre cansaço que culmina em choro desesperador: Efeito Vulcânico: o que acontece quando o bebê não descansa adequadamente

Muita coisa a gente vai aprendendo ali, com a experiência. Na maternagem de cada dia. O fato é que alguns atalhos ajudam bastante!! Ah se nós soubéssemos de coisas valiosíssimas antes do primeiro filho, tudo seria tão mais fácil. Tão mais econômico. Se soubéssemos que para criar um filho precisamos apenas de amor, disposição e apoio. Algumas peças de roupa, sim, mas um sling resolve tanto e ficar pele a pele com o bebê é tão mais gostoso e proveitoso. Colocamos as dificuldades nos "gastos", preocupamo-nos tanto com a decoração do quarto, o modelo do berço, coisas que para o bebê não fazem a menor diferença.
Talvez já não dê tempo de você economizar nisso, mas é sempre tempo de entender o que realmente um bebê precisa para viver bem: O Enxoval realmente necessário baseado na teoria da Exterogestação e Criação com Apego
E se ainda der tempo, essa ideia é o máximo:
Além de ser totalmente adaptado ao desenvolvimento do bebê, mais seguro e mais econômico, é realmente bem mais confortável para nós. O bebê fica mais livre para brincar e a hora de dormir se torna muito mais fácil e prazerosa.

Espero, de coração, que os pais busquem criar seus filhos com grande vínculo e apego. É muito equivocado achar que para "educar" um filho é preciso negar-lhe colo, impor horários de mamadas, acostumá-lo a dormir sozinho e deixar chorando para não se tornar mimado.
Há uma grande confusão em achar que criar com apego é não dar limites. Em nada tem a ver. Criar com apego é satisfazer as necessidades físicas e emocionais do bebê e da criança. Um filho criado com amor, carinho, tendo o acolhimento, o colo, o contato físico necessário ao seu desenvolvimento, torna-se muito mais seguro e feliz. "Ser dependente enquanto precisa para então poder ser independente quando puder". É algo assim.
Respeite as necessidades dos bebês. Respeite o desenvolvimento e o tempo de seu filho.

São os primeiros 3 anos a base de tudo o que a criança se tornará no futuro. 


Sobre desmame noturno, para maiores de 1 ano:

E quando você acha que as coisas começarão a ficar mais fáceis, hehehe, ledo engano:

O fato é que ter filhos dá trabalho. É uma renúncia, uma luta constante, um aprendizado, superação, mas vale tanto a pena!! 
Ser mãe com consciência, fazer escolhas conscientes e realmente baseadas no que é melhor e mais saudável para eles nos dá a certeza de que nossos esforços valerão cada minuto.

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