Vários estudos sobre as cesarianas apontam para a eventualidade de consequências negativas
para as crianças, afetando o desenvolvimento cerebral. No mais recente, feito na Suécia,
os cientistas sugerem uma maior propensão a alergias e a problemas respiratórios.
Os efeitos das cesarianas continuam a dividir os especialistas, embora a tendência seja para a redução desta prática. A Organização Mundial de Saúde determinou como referencial, em 1985, uma taxa máxima de 15 por cento, mas na Europa a taxa média ronda os 20 por cento.
O agravamento de várias doenças crónicas, como a diabetes e a hipertensão, tem levado os investigadores a procurarem respostas nos primeiros anos de vida. Quanto mais estudos são conhecidos sobre as cesarianas, mais apontam para os efeitos negativos. Na Suécia, uma investigação demonstrou que o parto natural diminiu a propensão para as crianças terem alergias e doenças do foro respiratório.
“As cesarianas são necessárias em certas ocasiões, mas é importante que tanto as mães como os médicos estejam conscientes e sensibilizados de este parto pode afetar a saúde da criança”, explicou Maria Jenmalm, uma das cientistas envolvidas.
Nesse estudo, cujo resumo foi publicado em agosto na revista Gut, uma equipa de investigadores suecos e irlandeses concluiu que as crianças nascidas por cesariana apresentavam uma menor diversidade de bactérias do grupo bacteroidetes. Estudos anteriores já tinham comprovado que a ausência destas bactérias, presentes na flora intestinal, estimulam o desenvolvimento de alergias, diabetes e síndrome do intestino irritável.
Ainda este ano, um trabalho apresentado em fevereiro, pela Associação Médica Canadiana, apontou que o parto vaginal é fundamental para a colonização dos intestinos dos recém-nascidos, partindo da premissa de que os intestinos são completamente assépticos antes do parto.
Mais polémico foi o estudo conduzido em Yale (EUA) e publicado, em agosto de 2012, na revista PLoS ONE. Nos ratos, o parto por cesariana condicionou o desenvolvimento cerebral, pois o parto vaginal induz a expressão de uma proteína ligada ao desenvolvimento do hipocampo e neurónios.
“O aumento das cesarianas induzidas por conveniência, em vez de por necessidade médica, pode ter um efeito até aqui insuspeito no desenvolvimento do cérebro também dos humanos”, resumiram os cientistas de Yale.
Fonte: Ptjornal
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